O escolhido

Você conhece um novo poema:
chama-se falésias, ou
fratura imposta, ou recordação
ou qualquer outro nome
desses que se dão aos poemas
tão transcendentais, seja
lá o que isso quer dizer;

Você o veste na flor da mente
branca e decide:
daqui adiante só comerei
poemas
para regurgitar mais poemas
como faz a máquina
fordista.

Mas de você, assim como
dela, nada sai além
de versos pré-fabricados
iguais a sua origem,
às mesmices,
iguais uns aos outros

— talvez o último trovador
realmente tenha morrido
em 1914;
talvez ele não tenha se
lembrado de escrever
o seu nome.


Felipe Gregório

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